A Pele que Habito, um thriller psicológico espanhol de 2011, é uma obra cinematográfica complexa e instigante que mergulha em temas como identidade, memória, trauma e a natureza da crueldade humana. Dirigido por Pedro Almodóvar e estrelado por Antonio Banderas, Elena Anaya e Marisa Paredes, o filme apresenta uma narrativa não linear que tece um enigma envolvente, desafiando as percepções do público sobre a realidade e os limites da ética médica.
Parte 1
O cirurgião plástico Robert Ledgard conseguiu cultivar uma pele artificial resistente a queimaduras e picadas de insetos, que ele chama de “GAL”, que diz estar testando em ratos atímicos. Ele apresenta os seus resultados num simpósio médico, mas quando revela em privado que também realizou experiências transgénicas ilegais em humanos, é proibido de continuar a sua investigação.
Em sua propriedade isolada, Ledgard mantém em cativeiro uma jovem chamada Vera, com a ajuda de uma de suas servas, Marília. Devido à suspensão de seus experimentos oficiais, Ledgard pede a Marília que demita os demais servos.
Enquanto Ledgard está fora, Zeca, filho afastado de Marília, depois de cometer um assalto, chega fantasiado de tigre e pede à mãe que o esconda por alguns dias. Ele vê Vera nas telas das câmeras de segurança de Ledgard e exige vê-la pessoalmente. Quando Marília se recusa a deixá-lo ficar depois de convidá-lo para entrar, ele a amarra e amordaça e depois estupra Vera. Ledgard chega e mata Zeca.
Enquanto Ledgard se desfaz do corpo de Zeca, Marília conta a Vera que ela (Marília) é mãe de Zeca e Ledgard por homens diferentes, fato que ela não compartilhou com eles. Ledgard foi adotado pelos empregadores de Marília, mas acabou sendo criado por ela. Mais tarde, Zeca saiu para viver nas ruas e contrabandear drogas, enquanto Ledgard foi para a faculdade de medicina e se casou com uma mulher chamada Gal.
Quando Zeca volta, anos depois, ele e Gal fugiram juntos. Eles se envolveram em um terrível acidente de carro no qual Gal ficou gravemente queimada. Zeca havia saído do local presumindo que ela estivesse morta, enquanto Ledgard a tirara do carro (no presente, Zeca havia confundido Vera com Gal, coisa que ela não negou). Depois disso, ela viveu na escuridão total, sem espelhos. Um dia, ao ouvir sua filha Norma cantando no jardim, Gal acidentalmente vê seu próprio reflexo na janela pela primeira vez desde o acidente; traumatizada com a visão, ela pula para a morte na frente de Norma.
Parte 2
No presente, Ledgard retorna e passa a noite com Vera. Durante a noite, ele sonha com seu passado, especificamente com a noite de um casamento seis anos antes, onde encontra Norma (sua filha) inconsciente no chão. Norma, que estava tomando remédios para psicose – ficando mentalmente instável por ter testemunhado o suicídio de sua mãe – passa a acreditar que Ledgard a estuprou ao acordar com ele acima dela; posteriormente, ela desenvolve medo de todos os homens e passa anos em um centro de saúde mental. Ela finalmente morre por suicídio da mesma maneira que sua mãe.
Vera também sonha com o mesmo acontecimento: Vicente, um jovem que trabalha na loja de roupas da mãe, invade o casamento e conhece Norma. Assim como outros participantes da festa, ele está sob efeito de drogas. Ele caminha com Norma até o jardim. Ela lista os medicamentos psiquiátricos que tomou. Norma começa a tirar algumas roupas, afirmando que ficaria nua o tempo todo se pudesse. Vicente a beija e a elogia.
Enquanto eles estão deitados com Vicente em cima dela, ela de repente começa a ter uma reação frenética à música que está tocando – a mesma que ela cantava quando sua mãe morreu por suicídio – e começa a gritar. Vicente tenta abafar seus gritos, fazendo com que ela morda sua mão. Ele dá um tapa nela, deixando-a inconsciente. Ele reorganiza as roupas dela e foge do local, olhando nervosamente em volta em busca de testemunhas em potencial, pouco antes da chegada de Ledgard; ele não sabe que Ledgard o percebe saindo em sua moto.
Ledgard rastreia Vicente e, disfarçado, derruba Vicente de sua motocicleta, sequestra-o e mantém-no em cativeiro. A mãe de Vicente denuncia o seu desaparecimento à polícia, mas depois de encontrarem a sua moto no sopé de um penhasco, dizem-lhe que provavelmente ele está morto e foi arrastado para o mar. Embora ela acredite que seu filho ainda esteja vivo, sua busca por ele permanece sem solução.
Enquanto isso, Ledgard o submete a uma vaginoplastia e depois o instrui como esticar lentamente sua nova vagina. Durante um período de seis anos, Ledgard transforma fisicamente Vicente em uma réplica de sua falecida esposa, dando-lhe rosto e voz femininos reais, seios e nádegas, e o renomeia como Vera. Durante este período, Vicente luta para manter-se são e agarrar-se ao núcleo da sua verdadeira identidade, aparentemente drogado com ópio por Ledgard.
Após uma ausência de quatro anos, Marília volta a trabalhar na casa de Ledgard para cuidar de Vera (Vicente).
Parte 3
De volta ao presente, o novo relacionamento de Ledgard com Vera desanima Marília, que não confia em Vera. Fulgêncio, um dos colegas de Ledgard, lê uma notícia sobre o desaparecido Vicente e o reconhece como um de seus pacientes de mudança de sexo. Ele acusa Ledgard de falsificar o consentimento de Vicente e de fazer experiências com ele. Vera, que ouve a conversa, diz a Fulgêncio que está aqui por vontade própria, nega ser Vicente e diz que sempre foi mulher. Após a saída de Fulgenico, Vera nota uma fotografia sua como Vicente anexada à notícia sobre pessoas desaparecidas.
Durante a noite, Ledgard e Vera começam a fazer sexo, mas Vera avisa que ainda dói depois do estupro de Zeca. Ostensivamente descendo as escadas para encontrar lubrificante, Vera recupera a arma de Ledgard e o mata. Marília, alertada pelo som do tiro, invade o quarto com a pistola na mão e encontra o filho Ledgard morto na cama. Vera, que está escondida debaixo da cama, atira e mata Marília. No último suspiro, Marília diz: “Eu sabia”.
Libertado do cativeiro e da necessidade de seguir os caprichos de Ledgard, Vicente regressa à loja de vestidos da mãe pela primeira vez desde que foi raptado. Em lágrimas, ele conta à sua ex-colega lésbica Cristina (a quem Vicente amou seis anos antes) sobre seu sequestro, mudança forçada de sexo e assassinatos. Quando a mãe entra na sala, Vicente revela-lhes discretamente a sua identidade na linha final do filme – “Eu sou Vicente”.
