Mormonismo: um guia completo

O que é a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias?

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias representa uma fé cristã global, distinta em suas crenças e práticas, mas firmemente centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo. Seus membros se veem como restauracionistas, acreditando que a Igreja original fundada por Cristo foi perdida através de uma apostasia geral e subsequentemente restaurada nos tempos modernos por meio de revelação divina. Esta restauração inclui a retomada da autoridade do sacerdócio e a plenitude da doutrina de Cristo, que eles acreditam ter sido alterada ou suprimida ao longo dos séculos. A organização e o corpo doutrinário são compreendidos como uma continuação direta da Igreja primitiva, com profetas e apóstolos guiando o povo.

O termo “mórmon”, embora amplamente utilizado e associado à Igreja, é na verdade um apelido derivado do Livro de Mórmon, uma de suas escrituras sagradas. A Igreja prefere ser chamada por seu nome completo, enfatizando seu enfoque em Jesus Cristo e sua natureza de “santos” (referindo-se aos membros da Igreja primitiva) dos “últimos dias” (indicando o período antes da Segunda Vinda de Cristo). Esta designação serve para distinguir a fé de outras denominações cristãs, ao mesmo tempo que reafirma sua identidade como uma comunidade de seguidores de Cristo. A fé é praticada em congregações locais, conhecidas como alas, espalhadas por quase todos os países do mundo, com membros que se esforçam para viver de acordo com os princípios e mandamentos que acreditam ter sido restaurados.

Os Santos dos Últimos Dias consideram o evangelho restaurado como um plano de felicidade delineado por um Pai Celestial amoroso. Este plano, segundo suas crenças, proporciona um propósito para a vida mortal, explicando de onde viemos, por que estamos aqui e para onde vamos após a morte. Eles entendem que a vida na Terra é uma experiência de aprendizado e crescimento, um tempo para desenvolver fé, fazer convênios sagrados com Deus e demonstrar obediência aos seus mandamentos. A ênfase na família eterna e no potencial de cada indivíduo para progredir espiritualmente são conceitos fundamentais que moldam sua visão de mundo e suas práticas diárias.

A Igreja se estabeleceu e cresceu a partir de modestos inícios nos Estados Unidos, transformando-se em uma organização mundial com milhões de membros. Seu alcance global é evidenciado pela construção de templos e centros de adoração em diversas nações, pelo envio de dezenas de milhares de missionários e pela participação ativa em esforços humanitários e de serviço comunitário em todo o globo. A adesão à Igreja é voluntária e convida indivíduos de todas as origens a aprenderem sobre suas crenças e participarem de suas atividades. Esta expansão contínua reflete a dedicação dos membros em compartilhar o que consideram as boas-novas do evangelho restaurado com o mundo.

Quem foi Joseph Smith Jr. e qual sua contribuição fundamental?

Joseph Smith Jr. é reconhecido como o profeta da Restauração e o fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Nascido em 1805, em Sharon, Vermont, e criado no oeste de Nova York, em uma época de grande fervor religioso, ele procurava uma religião que o satisfizesse espiritualmente. Aos 14 anos, em 1820, ele alegou ter tido uma experiência sobrenatural na qual Deus, o Pai, e Seu Filho, Jesus Cristo, apareceram a ele em uma floresta. Esta Primeira Visão foi um evento transcendental que, segundo Smith, lhe revelou que nenhuma das igrejas existentes na época possuía a plenitude da verdade ou a autoridade divina.

Após a Primeira Visão, Joseph Smith relatou diversas outras experiências celestiais, incluindo a visita do anjo Morôni. Morôni, ele explicou, o guiou a um conjunto de placas de ouro antigas, enterradas em uma colina próxima à sua casa. Estas placas, escritas em uma linguagem desconhecida, continham os registros de antigos habitantes das Américas e, segundo Smith, a plenitude do evangelho de Jesus Cristo. Com auxílio divino, Smith traduziu estas placas, resultando na publicação do Livro de Mórmon: Outro Testamento de Jesus Cristo em 1830. A publicação deste livro é um pilar da fé e é considerado por seus seguidores como um testemunho adicional da divindade de Jesus Cristo.

A contribuição fundamental de Joseph Smith reside na sua alegação de ter sido o instrumento escolhido por Deus para restaurar a Igreja de Jesus Cristo à sua forma original. Isso implicou a restauração do sacerdócio, a autoridade divina para agir em nome de Deus, que ele afirmou ter recebido através de visitas de João Batista, Pedro, Tiago e João. Com essa autoridade, ele organizou oficialmente a Igreja em 6 de abril de 1830. Seus ensinamentos e revelações abrangiam uma vasta gama de doutrinas, desde a natureza de Deus e da humanidade até o propósito da vida e a natureza da eternidade, muitas das quais eram novas ou reinterpretadas em relação ao cristianismo tradicional.

Ao longo de sua vida, Joseph Smith enfrentou intensa perseguição, movendo a sede da Igreja várias vezes devido a conflitos com comunidades vizinhas. Ele foi considerado um profeta, vidente e revelador, e seus escritos continuam a ser um guia doutrinário e inspirador para milhões de pessoas. Sua vida foi tragicamente interrompida em 1844, quando foi assassinado por uma multidão em Carthage, Illinois, enquanto estava preso sob falsas acusações. Seu legado, no entanto, persiste e é central para a identidade e a fé da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sendo ele reverenciado como o fundador divinamente escolhido de uma fé restaurada.

Quais são as escrituras sagradas dos Santos dos Últimos Dias?

As escrituras sagradas dos Santos dos Últimos Dias são uma coleção de livros que formam o cânon da fé e são considerados a palavra de Deus e guias para a vida. Diferente de muitas denominações cristãs que se baseiam exclusivamente na Bíblia, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias aceita quatro obras como escrituras canônicas. A primeira e mais proeminente é a Bíblia, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, que é reverenciada como a palavra de Deus “na medida em que foi traduzida corretamente”. Esta aceitação demonstra uma conexão com o cristianismo histórico, embora a Igreja veja a Bíblia através da lente da Restauração, buscando clareza adicional e uma compreensão mais plena de seus princípios.

A segunda escritura canônica é o Livro de Mórmon: Outro Testamento de Jesus Cristo. Este livro é a pedra angular da fé dos Santos dos Últimos Dias e é considerado um registro de antigos habitantes das Américas. Ele narra suas interações com Deus, incluindo uma visita pessoal de Jesus Cristo ao continente americano após sua ressurreição em Jerusalém. Este testemunho de Jesus Cristo é visto como um complemento e confirmação dos ensinamentos da Bíblia, oferecendo insights únicos sobre a doutrina de Cristo e a natureza do plano de salvação. Os membros são incentivados a lê-lo e orar para obter uma confirmação pessoal de sua veracidade.

O terceiro livro canônico é Doutrina e Convênios. Esta escritura é uma coleção de revelações divinas dadas a Joseph Smith Jr. e a alguns de seus sucessores na liderança da Igreja. Ela contém instruções sobre a organização da Igreja, princípios do evangelho e direções específicas para os membros em diferentes épocas e circunstâncias. As seções abordam tópicos variados, desde a natureza do sacerdócio e a doutrina da salvação até conselhos sobre finanças e relacionamentos familiares. Considera-se uma fonte vital de ensinamentos modernos e contínuos de Deus, mostrando que Ele continua a revelar Sua vontade à humanidade.

A quarta escritura sagrada é a Pérola de Grande Valor. Esta obra é uma compilação de diversos textos, incluindo trechos do Livro de Moisés e do Livro de Abraão, que Joseph Smith traduziu de antigos papiros. Também inclui o Joseph Smith—Mateus, que é a revisão inspirada de Joseph Smith do capítulo 24 do evangelho de Mateus, a História de Joseph Smith, que descreve sua Primeira Visão e os eventos que levaram à restauração da Igreja, e os Artigos de Fé, um resumo conciso das crenças fundamentais da Igreja. Juntas, estas quatro obras formam o corpo das escrituras padrão, oferecendo uma riqueza de conhecimento e orientação divina para os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Como a doutrina de Deus e da natureza divina é compreendida?

A doutrina de Deus na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias possui características distintas que a diferenciam de muitas concepções cristãs tradicionais. Os Santos dos Últimos Dias creem em uma Trindade composta por três seres distintos e separados, mas que são um em propósito, vontade e amor. Estes três são Deus, o Pai Eterno; Seu Filho, Jesus Cristo; e o Espírito Santo. Eles não são entendidos como uma substância única ou uma entidade mística e unitária. Esta compreensão trinitária enfatiza a individualidade de cada pessoa divina enquanto mantém sua unidade em um plano e propósito divinos para a humanidade, contrastando com a doutrina da Trindade de um só ser em três pessoas da divindade cristã convencional.

Deus, o Pai Eterno, é compreendido como o Criador literal e o Pai de nossos espíritos. Ele possui um corpo glorificado e perfeito de carne e ossos, semelhante ao de um ser humano, mas divinizado. Esta crença na corporeidade de Deus contrasta com a visão de um Deus incorpóreo, onipresente e sem forma, comum em outras teologias cristãs. Os Santos dos Últimos Dias acreditam que o Pai Celestial é uma pessoa real, que ouve e responde a orações, e que Ele nos conhece individualmente. Esta relação pessoal com um Pai amoroso é um aspecto central de sua fé, incentivando os membros a se aproximarem Dele através da oração e do serviço.

Jesus Cristo é considerado o Filho Unigênito do Pai no espírito e o Unigênito na carne. Ele é o Jeová do Antigo Testamento e o Salvador do mundo, que realizou a Expiação infinita para superar o pecado e a morte. Jesus também possui um corpo ressuscitado e glorificado. Os Santos dos Últimos Dias acreditam que Ele é o caminho para o Pai e que a salvação é alcançada através de Sua graça, por meio da fé, arrependimento, batismo e obediência aos mandamentos. A sua vida e ensinamentos são o modelo supremo para a humanidade, e o compromisso de segui-Lo é o cerne da devoção dos membros.

O Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade e é um personagem de espírito, sem um corpo de carne e ossos. Ele é o Consolador, o revelador e o professor, que testifica do Pai e do Filho, e transmite a verdade aos corações dos indivíduos. A presença do Espírito Santo é considerada essencial para o crescimento espiritual, fornecendo orientação divina e conforto aos membros. A doutrina mórmon ensina que, após o batismo e a confirmação, os membros podem ter a companhia constante do Espírito Santo, que atua como um guia pessoal e uma fonte de inspiração em suas vidas diárias, fortalecendo sua fé e seu testemunho.

Qual o papel central de Jesus Cristo e da Expiação?

Jesus Cristo ocupa uma posição central e insubstituível na teologia da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Ele é reverenciado como o Filho de Deus, o Messias prometido e o Salvador da humanidade. Os membros creem que Jesus é o Criador sob a direção do Pai Celestial, e que Ele voluntariamente se submeteu à vontade do Pai para realizar a Expiação, um evento de importância cósmica. A vida de Cristo, Seu ministério, Sua morte na cruz e Sua ressurreição são os pilares da fé e da esperança para os Santos dos Últimos Dias. Seu exemplo de amor, serviço e obediência é considerado o modelo perfeito a ser seguido por toda a humanidade.

A Expiação de Jesus Cristo é o evento mais sagrado e de maior significado na doutrina da Igreja. Ela se refere ao sofrimento que Jesus suportou no Jardim do Getsêmani e na cruz do Calvário, culminando em Sua ressurreição. Por meio de Sua Expiação, Jesus pagou o preço pelos pecados de toda a humanidade, tornando possível o perdão para aqueles que se arrependem e O seguem. Além disso, a Expiação venceu a morte física, garantindo a ressurreição universal para todos os que já viveram ou viverão na Terra. Este ato de amor e sacrifício é a base da misericórdia e da graça de Deus, estendendo a oportunidade de salvação e vida eterna a todos.

Os Santos dos Últimos Dias compreendem que a Expiação é tanto infinita quanto abrangente. Infinita, pois se estende a todos os tempos e a todas as pessoas, independentemente de sua época ou lugar de nascimento. Abrangente, pois abrange não apenas o perdão dos pecados mediante o arrependimento, mas também oferece força e cura para as dificuldades, dores, aflições e fraquezas da vida mortal. Acreditam que o poder da Expiação de Cristo pode ajudar as pessoas a superar desafios pessoais, a encontrar paz em meio à tribulação e a transformar seus corações para se tornarem mais semelhantes a Ele. Esta perspectiva oferece uma esperança profunda e uma fonte de consolo contínuos.

Para os membros da Igreja, a crença na Expiação de Jesus Cristo implica um compromisso de fé ativa e obediência. Eles se esforçam para viver de acordo com os mandamentos de Deus, arrepender-se de seus erros e servir ao próximo, compreendendo que essas ações são expressões de gratidão pelo sacrifício de Cristo. A participação em ordenanças como o batismo e a sacramentos da ceia do Senhor semanalmente são maneiras de renovar seus convênios e reafirmar sua fé em Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. A centralidade de Cristo permeia todas as facetas de sua vida, desde a adoração no templo até as interações diárias, fornecendo uma estrutura moral e espiritual para a existência.

O que significa o conceito de progresso eterno e divindade potencial?

O conceito de progresso eterno e divindade potencial é uma doutrina fundamental e distintiva da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que oferece uma visão expansiva do futuro da humanidade. Os membros acreditam que os seres humanos são filhos espirituais de um Pai Celestial amoroso, e que Ele deseja que Seus filhos progridam e se tornem mais semelhantes a Ele. Este progresso não se encerra com a morte, mas continua na eternidade. A vida mortal é vista como uma escola ou um laboratório de aprendizado, onde os indivíduos ganham experiência, desenvolvem atributos divinos e fazem escolhas que os preparam para um retorno à presença de Deus e para um futuro de crescimento contínuo.

A ideia de divindade potencial sugere que, através da Expiação de Jesus Cristo e da obediência aos princípios do evangelho, os seres humanos podem eventualmente alcançar um estado de exaltação, que é a plenitude da salvação e a vida eterna na presença de Deus. Este estado não significa que os indivíduos se tornarão iguais a Deus em todos os aspectos ou que se tornarão objetos de adoração, mas que herdarão todos os dons e bênçãos que o Pai possui, incluindo a capacidade de criar mundos e ter descendência espiritual, de forma análoga a Ele. É um convite para participar da natureza divina, um processo de refinação contínua e de desenvolvimento de atributos como amor perfeito, sabedoria, justiça e poder.

Este progresso eterno está intrinsecamente ligado à doutrina da família eterna. Os Santos dos Últimos Dias acreditam que o casamento e os laços familiares podem ser selados para a eternidade nos templos, permitindo que as famílias permaneçam juntas após a morte. Esta unidade familiar eterna é essencial para o progresso individual e coletivo em direção à exaltação. Através das relações familiares eternas, os indivíduos podem experimentar as alegrias e responsabilidades da criação e do cuidado, que são aspectos do próprio ser de Deus. A doutrina fornece uma perspectiva de longo prazo para a vida, encorajando os membros a cultivar relacionamentos familiares fortes e duradouros.

O caminho para o progresso eterno e a divindade potencial envolve uma vida de fé, arrependimento, obediência aos mandamentos, participação em ordenanças sagradas e serviço. Os membros se esforçam para seguir o exemplo de Jesus Cristo e para desenvolver atributos semelhantes aos de Deus, como caridade, paciência, humildade e integridade. Esta doutrina infunde um profundo senso de propósito e um otimismo inabalável em relação ao futuro, motivando os membros a buscar a retidão e a se aprimorarem continuamente. A crença no progresso eterno oferece uma visão esperançosa do potencial ilimitado de cada filho de Deus, encorajando a busca contínua por conhecimento e retidão.

Como a família é vista e quais são suas ordenanças eternas?

A família é considerada a unidade central e mais fundamental da sociedade humana e da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Os Santos dos Últimos Dias creem que a família é uma instituição divinamente estabelecida, com propósito e significado que transcendem a vida mortal. A proclamação “A Família: Proclamação ao Mundo” estabelece as bases de suas crenças sobre o casamento e a família, afirmando que o casamento entre um homem e uma mulher é ordenado por Deus e é essencial para o Seu plano de felicidade. Esta visão eleva a importância da família a um nível de sacralidade e eternidade, influenciando profundamente as decisões e prioridades dos membros.

A importância da família é ampliada pela crença na continuidade da família além do véu da morte. Os Santos dos Últimos Dias ensinam que, através de ordenanças sagradas realizadas nos templos, os casamentos e as famílias podem ser selados para a eternidade, não apenas “até que a morte os separe”, mas “por tempo e por toda a eternidade”. Esta ordenança de selamento permite que os laços familiares permaneçam intactos após a morte, proporcionando uma esperança inabalável e um propósito eterno para as relações familiares. As crianças nascidas em um casamento selado ou seladas aos seus pais em uma ordenança posterior são consideradas parte de uma família eterna.

As ordenanças eternas relacionadas à família são realizadas exclusivamente nos templos dedicados. A ordenança de selamento do casamento é o convênio sagrado pelo qual um homem e uma mulher são unidos em matrimônio por um representante autorizado do sacerdócio, não apenas para a vida mortal, mas para a eternidade. Esta é uma promessa de que, se viverem dignamente seus convênios, eles poderão viver juntos como marido e mulher na presença de Deus. Outra ordenança importante é o selamento de crianças aos pais, que permite que as crianças nascidas fora do convênio do templo (por exemplo, antes que os pais fossem selados) se tornem parte da unidade familiar eterna.

A ênfase na família permeia a vida diária dos membros, com um forte incentivo para a criação de lares onde o evangelho seja ensinado e vivido. A noite familiar, uma reunião semanal em que as famílias aprendem juntas, cantam, brincam e fortalecem seus laços, é uma prática amplamente incentivada. Os pais são ensinados a ser os principais instrutores de seus filhos em questões de fé e moralidade. Este foco na família visa promover um ambiente de amor, apoio e crescimento espiritual, preparando os indivíduos e as famílias para a vida terrena e para a eternidade, estabelecendo um alicerce sólido para a felicidade duradoura.

O que são os templos e por que são tão importantes?

Os templos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias são edifícios sagrados, considerados a casa do Senhor na Terra. Diferente das capelas onde os membros se reúnem para serviços de adoração semanais, os templos são reservados para ordenanças e convênios mais elevados, essenciais para a exaltação. São locais de profunda reverência e santidade, construídos com o propósito de aproximar os membros de Deus. Cada templo é dedicado após sua construção e só pode ser acessado por membros dignos que possuem uma recomendação válida do templo, refletindo sua natureza sagrada e exclusiva para rituais específicos, que são distintos da adoração dominical.

A importância dos templos reside no seu papel como locais onde as ordenanças eternas são realizadas. Estas ordenanças incluem o batismo vicário pelos mortos, as investiduras (que são convênios e instruções sobre o plano de salvação), e os selamentos do casamento e da família para a eternidade. Os Santos dos Últimos Dias acreditam que estas ordenanças são cruciais para a salvação e exaltação tanto dos vivos quanto dos mortos, pois oferecem a todos a oportunidade de receber as bênçãos do evangelho. A natureza vicária de muitas dessas ordenanças reflete a crença de que aqueles que viveram sem a oportunidade de conhecer o evangelho podem ainda aceitar suas bênçãos.

A construção de templos é um reflexo do crescimento global da Igreja e da crescente necessidade de oferecer essas ordenanças sagradas aos membros em todo o mundo. A arquitetura dos templos é frequentemente grandiosa e distinta, com designs que visam refletir a beleza e a santidade do edifício. Antes de serem dedicados, os templos geralmente são abertos ao público para visitas guiadas, permitindo que pessoas de todas as crenças compreendam a importância e o propósito desses edifícios. Esta prática permite que a comunidade em geral vislumbre a santidade dos edifícios antes de sua dedicação e uso exclusivo para ordenanças.

Para os membros, frequentar o templo é uma experiência espiritual profunda que oferece paz, clareza e uma conexão mais próxima com o divino. Muitos membros dedicam tempo regularmente para servir no templo, seja participando das ordenanças ou servindo como voluntários. A atmosfera do templo é projetada para ser um refúgio do mundo exterior, um lugar onde se pode sentir a influência do Espírito Santo e receber revelação pessoal. A importância dos templos é enfatizada como um meio de fortalecer a fé, aprofundar o compromisso com o evangelho e preparar os indivíduos e as famílias para um futuro eterno na presença de Deus.

Quais são as ordenanças e convênios feitos nos templos?

Os templos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias são os únicos lugares na Terra onde certas ordenanças e convênios sagrados, considerados essenciais para a salvação e exaltação, podem ser realizados. Uma das ordenanças mais conhecidas, embora muitas vezes mal compreendida, é o batismo vicário pelos mortos. Os Santos dos Últimos Dias acreditam que o batismo é uma ordenança essencial para a salvação, mas muitos milhões viveram e morreram sem ter a oportunidade de ouvi-lo. Através do batismo vicário, os membros vivos atuam como representantes para aqueles que já faleceram, permitindo que os espíritos dos mortos, se desejarem, aceitem essa ordenança. Esta prática reflete a misericórdia e o amor de Deus para com todos os Seus filhos.

Outra ordenança fundamental é a investidura do templo. A investidura é um conjunto de convênios e instruções sagradas que ajudam os participantes a compreender o plano de salvação de Deus, a sua jornada da pré-existência à eternidade, e o propósito da vida na Terra. Ao receber a investidura, os membros fazem convênios solenes com Deus para guardar Seus mandamentos, viver uma vida de retidão e dedicar-se ao serviço do Senhor. Esta ordenança prepara os indivíduos para retornar à presença de Deus e para alcançar a exaltação na vida após a morte, fornecendo conhecimento e poder para enfrentar os desafios da mortalidade.

Os selamentos são ordenanças do templo que unem as famílias para a eternidade. O selamento do casamento é o convênio pelo qual um homem e uma mulher são unidos em matrimônio não apenas para a vida mortal, mas “por tempo e por toda a eternidade”. Esta ordenança é o ponto culminante da crença na família eterna, permitindo que os laços de amor e parentesco persistam além da morte. As crianças nascidas dentro de um casamento selado ou seladas aos seus pais em uma cerimônia separada são consideradas parte da unidade familiar eterna. Essas ordenanças são consideradas essenciais para a exaltação, permitindo que as famílias permaneçam juntas na vida após a morte.

Cada uma dessas ordenanças está ligada a convênios específicos, que são promessas mútuas entre Deus e Seus filhos. Deus promete bênçãos específicas, incluindo a salvação e a vida eterna, e os indivíduos prometem obedecer a Seus mandamentos e servir fielmente. As ordenanças do templo não são rituais vazios, mas são vistas como portas de entrada para o poder divino e oportunidades de crescimento espiritual. A participação digna e regular nas ordenanças do templo fortalece a fé dos membros, oferece um senso de propósito mais profundo e proporciona paz e revelação pessoal, preparando-os para o retorno à presença de Deus.

Como a fé mórmon guia o estilo de vida diário dos membros?

O estilo de vida dos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é profundamente influenciado por sua fé e pelos princípios do evangelho restaurado, impactando uma ampla gama de escolhas e hábitos diários. Um dos aspectos mais conhecidos é a adesão à Palavra de Sabedoria, uma lei de saúde e bem-estar revelada a Joseph Smith. Esta lei proíbe o consumo de álcool, tabaco, chá preto e café, e encoraja uma dieta saudável e o uso de ervas e cereais. A adesão a esta lei é vista como um mandamento divino que promove a saúde física e espiritual, resultando em uma população que geralmente apresenta taxas mais baixas de certas doenças crônicas e vícios.

Além da Palavra de Sabedoria, os membros são encorajados a viver uma vida de retidão e virtude. Isso inclui a ênfase na castidade antes do casamento e na fidelidade dentro do casamento, no respeito ao próximo e na busca por uma vida livre de pornografia e outras influências negativas. A mídia e o entretenimento são abordados com cautela, com os membros sendo incentivados a escolher materiais que sejam edificantes e moralmente sãos. A honestidade e a integridade são valores altamente valorizados, e os membros são ensinados a ser pessoas de palavra, em todas as suas interações, construindo uma reputação de confiança e retidão.

A participação ativa na Igreja também molda o estilo de vida diário. Os membros frequentam reuniões semanais de adoração no domingo, que incluem a participação no sacramento da ceia do Senhor para renovar seus convênios com Deus. Muitos também participam de outras reuniões durante a semana, como aulas de seminário para jovens e atividades sociais. A oração diária individual e familiar, juntamente com o estudo regular das escrituras, são práticas incentivadas para fortalecer a fé e manter uma conexão contínua com o divino. Este compromisso semanal e diário com a fé reforça a identidade e os valores dos membros.

O serviço ao próximo é um componente essencial do estilo de vida mórmon. Os membros são incentivados a buscar oportunidades de servir em suas comunidades, seja através de programas de serviço da Igreja ou de iniciativas pessoais. O dízimo (a doação de 10% de sua renda à Igreja) e as ofertas de jejum (doações dadas para ajudar os necessitados) são princípios financeiros que demonstram fé e caridade. Essas práticas, juntamente com a ênfase na família eterna e na busca por progresso pessoal, formam um quadro abrangente que guia as escolhas e prioridades diárias dos membros, buscando uma vida de propósito e felicidade em conformidade com os princípios do evangelho.

Qual a relevância da missão de tempo integral no Mormonismo?

A missão de tempo integral é uma característica marcante e central na vida de muitos jovens e, ocasionalmente, casais mais velhos, na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Servir uma missão de tempo integral é visto como um privilégio sagrado e uma responsabilidade de compartilhar a mensagem do evangelho restaurado com outras pessoas. Geralmente, os jovens solteiros servem por 18 meses (mulheres) ou 24 meses (homens), enquanto casais mais velhos podem servir por períodos mais curtos. Esta experiência é uma expressão de fé e dedicação, onde os missionários dedicam todo o seu tempo ao serviço do Senhor, vivendo em uma área designada e ensinando sobre suas crenças.

O propósito principal da missão é convidar as pessoas a virem a Cristo, por meio da pregação do evangelho restaurado. Os missionários ensinam sobre Joseph Smith, o Livro de Mórmon, a Expiação de Jesus Cristo e a importância das ordenanças e convênios. Eles se esforçam para ajudar os indivíduos a desenvolver fé, arrepender-se, serem batizados e receberem o Espírito Santo, e perseverarem até o fim. A experiência missionária é intensamente focada na ajuda ao próximo, na construção de relacionamentos e na partilha de uma mensagem que os missionários acreditam ser transformadora. É um serviço desinteressado, pois os missionários arcam com seus próprios custos ou recebem apoio de suas famílias.

A experiência missionária é também um período de intenso crescimento pessoal e espiritual para os próprios missionários. Eles aprendem a superar desafios, a desenvolver autodisciplina e a aprofundar seu testemunho do evangelho. A vida missionária é caracterizada por uma rotina estruturada de estudo das escrituras, oração, planejamento e trabalho com pessoas. Eles aprendem novas línguas e culturas, desenvolvem habilidades de comunicação e liderança, e fortalecem sua capacidade de ouvir o Espírito Santo. Esta experiência é frequentemente descrita como um dos períodos mais formativos e enriquecedores da vida de um membro da Igreja.

O impacto das missões se estende muito além dos indivíduos convertidos. As missões fortalecem a própria Igreja, fornecendo líderes e membros dedicados que retornam para suas comunidades com um zelo renovado e uma maior compreensão de sua fé. O programa missionário contribui significativamente para o crescimento global da Igreja, estabelecendo novas congregações e fortalecendo as existentes em países de todo o mundo. A disposição dos membros em dedicar este tempo valioso ao serviço missionário é um testemunho de sua crença na importância da mensagem do evangelho e de seu desejo de compartilhá-la com todas as nações.

De que forma a Igreja é organizada e quem a lidera?

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é organizada hierarquicamente, com uma estrutura que os membros creem ser divinamente inspirada e análoga à Igreja primitiva de Jesus Cristo. No topo da hierarquia global está a Primeira Presidência, composta pelo Presidente da Igreja (que é considerado um profeta, vidente e revelador) e dois conselheiros. O Presidente da Igreja é o principal líder e porta-voz da Igreja em todo o mundo, com a responsabilidade de receber revelação e guiar a Igreja. Esta presidência é assistida pelo Quórum dos Doze Apóstolos, que são também profetas, videntes e reveladores e são responsáveis por supervisionar a Igreja globalmente, atuando como testemunhas especiais de Jesus Cristo.

A estrutura de liderança global também inclui os Setenta (que auxiliam os Doze Apóstolos em suas atribuições) e o Bispado Presidente (que supervisiona as questões temporais da Igreja). Todas estas posições são consideradas “autoridades gerais”, servindo em chamados de tempo integral que exigem dedicação completa. Os líderes são chamados por revelação e não são eleitos por voto popular, refletindo a crença de que a Igreja é guiada por Deus através de Seus servos. A sucessão do Presidente da Igreja ocorre através do Apóstolo mais antigo em serviço, que assume a posição após o falecimento do Presidente anterior, assegurando uma transição ordenada e contínua.

Localmente, a Igreja é organizada em estacas (grupos de congregações semelhantes a dioceses) e alas (congregações locais, semelhantes a paróquias). Cada estaca é liderada por uma presidência de estaca composta por um presidente e dois conselheiros, enquanto cada ala é liderada por um bispado composto por um bispo e dois conselheiros. Todos esses líderes locais servem voluntariamente, sem remuneração, dedicando seu tempo e talentos ao serviço de suas congregações. A Igreja é, em grande parte, administrada por uma rede de voluntários, o que contribui para o forte senso de comunidade e responsabilidade mútua entre os membros.

Além da liderança masculina que detém o sacerdócio, as mulheres servem em papéis de liderança em organizações auxiliares importantes, como a Sociedade de Socorro (para mulheres adultas), a Primária (para crianças) e as Moças (para adolescentes). Essas organizações desempenham um papel vital na educação religiosa, no serviço comunitário e no fortalecimento da fé dos membros. A estrutura organizacional da Igreja, com seus muitos chamados voluntários, permite que os membros participem ativamente no ministério e na administração, promovendo um sentimento de pertencimento e uma responsabilidade compartilhada na construção do reino de Deus.

Quais são os padrões de conduta e serviço comunitário?

Os padrões de conduta na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias são derivados dos ensinamentos de Jesus Cristo e das escrituras sagradas, visando orientar os membros para uma vida de retidão e felicidade. A ênfase é colocada na obediência aos Dez Mandamentos e aos princípios do evangelho, como fé em Jesus Cristo, arrependimento, batismo, recebimento do Espírito Santo e perseverança até o fim. Os membros são incentivados a ser honestos em todas as suas interações, a cultivar a castidade, a abster-se de álcool e tabaco, e a praticar a moderação e a gratidão. Estes padrões buscam promover a paz interior e a harmonia nos relacionamentos, fortalecendo o caráter e a fé dos indivíduos.

A caridade e o serviço comunitário são valores intrínsecos e essenciais na vida dos Santos dos Últimos Dias. Os membros são ensinados a seguir o exemplo de Jesus Cristo, que “andou fazendo o bem”. Este princípio se manifesta em várias formas de serviço, desde o cuidado com os necessitados dentro da própria congregação até a participação em grandes projetos humanitários globais. A Igreja organiza programas de serviço comunitário por meio de suas unidades locais, como projetos de limpeza de parques, ajuda a vítimas de desastres e apoio a instituições de caridade locais. Esta cultura de serviço visa desenvolver a empatia e a compaixão, fortalecendo os laços comunitários e promovendo o bem-estar geral.

Uma das formas mais organizadas de serviço é o programa de Bem-Estar da Igreja. Os membros contribuem com ofertas de jejum (doações financeiras equivalentes ao valor das refeições não consumidas durante um jejum mensal) que são usadas para ajudar membros necessitados localmente e globalmente. A Igreja também mantém fazendas, armazéns e fábricas que produzem alimentos e bens para os carentes, fornecendo ajuda material e espiritual de forma autossustentável. Essa iniciativa reflete o princípio de que o trabalho digno é essencial e que a ajuda deve ser concedida de maneira que preserve a dignidade do receptor, fomentando a autossuficiência sempre que possível.

Os padrões de conduta e serviço estendem-se à participação cívica e ao envolvimento na comunidade. Os membros são incentivados a ser bons cidadãos, a apoiar leis que promovam a moralidade e a liberdade, e a participar ativamente na melhoria de suas comunidades. Embora a Igreja mantenha uma neutralidade política, ela encoraja seus membros a se informarem sobre os candidatos e questões e a votarem de acordo com sua consciência. Esta combinação de princípios morais elevados e um forte compromisso com o serviço ao próximo molda uma comunidade dedicada a fazer a diferença positiva no mundo e a viver uma vida que honre a Deus e ao próximo.

Como o Mormonismo se relaciona com o Cristianismo tradicional?

A relação do Mormonismo com o cristianismo tradicional é complexa e frequentemente objeto de debate, pois compartilha muitas crenças e valores cristãos, mas possui doutrinas distintivas que o separam das correntes principais do cristianismo. Os Santos dos Últimos Dias se identificam como cristãos e acreditam em Jesus Cristo como o Salvador e Redentor da humanidade, o Filho de Deus. Eles reverenciam a Bíblia como escritura sagrada, aceitam os ensinamentos do Sermão da Montanha e creem na ressurreição e no juízo final. Esta base comum de crenças e valores reafirma sua identidade cristã em muitos aspectos.

No entanto, existem diferenças teológicas significativas que levam muitos cristãos tradicionais a classificar a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias como uma religião não-cristã ou uma derivação distinta do cristianismo. A principal diferença reside na compreensão da natureza de Deus e da Trindade. Enquanto o cristianismo tradicional geralmente adere à doutrina de um Deus trino em uma única substância, os Santos dos Últimos Dias creem em três seres distintos e separados (Pai, Filho e Espírito Santo) que são um em propósito. Esta distinção fundamental sobre a divindade é um ponto crucial de divergência.

Outras diferenças incluem a aceitação do Livro de Mórmon e de outras escrituras como Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor, que são consideradas por eles como escrituras adicionais que complementam e esclarecem a Bíblia. A crença na apostasia geral e na restauração da Igreja através de Joseph Smith Jr. também os diferencia, pois a maioria das denominações cristãs tradicionais acredita na continuidade da igreja desde os apóstolos originais. Estas crenças adicionais sobre a revelação contínua e a restauração da autoridade do sacerdócio são aspectos únicos da fé mórmon.

Apesar das diferenças, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias engaja-se ativamente no diálogo interfé. Seus membros frequentemente participam de conselhos inter-religiosos e colaboram em iniciativas humanitárias com outras fés. Eles enfatizam os valores morais compartilhados e a centralidade de Jesus Cristo em suas vidas. Embora as discussões teológicas persistam, a Igreja busca o respeito mútuo e a compreensão entre as fés, focando nos pontos de convergência e na importância da fé e da moralidade na sociedade moderna. A cooperação em causas comuns demonstra um desejo de boa vizinhança e de contribuição para o bem-estar global.

Quais foram as principais controvérsias históricas e como a Igreja as aborda?

A história da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é marcada por diversas controvérsias e desafios, muitos dos quais surgiram de suas crenças e práticas distintivas em um contexto social e religioso que não as compreendia. Uma das mais significativas e debatidas controvérsias foi a prática da poligamia (ou casamento plural), que foi publicamente ensinada e praticada pela Igreja em meados do século XIX. Embora a Igreja tenha proibido oficialmente o casamento plural em 1890 (e reforçado essa proibição em 1904), e excomungue membros que ainda o praticam, a herança histórica continua a ser um ponto de interesse e discussão. A Igreja aborda este tema em sua história com transparência crescente, explicando o contexto e as razões para sua instituição e subsequente abolição, reconhecendo que foi um período complexo e difícil.

Outra questão histórica que gerou controvérsia foi a restrição do sacerdócio e das ordenanças do templo para homens de ascendência africana. Por várias décadas, homens negros foram impedidos de serem ordenados ao sacerdócio e de participar de certas ordenanças do templo. Essa restrição foi abolida por uma revelação em 1978, conhecida como Declaração Oficial 2, que estendeu o sacerdócio a todos os homens dignos, independentemente de raça ou cor. A Igreja reconhece a dor causada por essa política passada e, em seus materiais oficiais, condena o racismo e afirma que a restrição não era baseada em doutrina eterna, mas em práticas e entendimentos da época, lamentando qualquer dano que tenha causado e enfatizando sua posição atual de igualdade racial.

A Igreja também tem enfrentado escrutínio em relação à sua história e à autenticidade de seus registros e traduções. Questões sobre o processo de tradução do Livro de Mórmon, a autenticidade dos papiros egípcios dos quais Joseph Smith alegou ter traduzido o Livro de Abraão, e várias contas conflitantes da Primeira Visão de Joseph Smith foram levantadas por críticos e estudiosos. A Igreja, através de seu site e publicações, oferece ensaios detalhados e informações adicionais para abordar essas questões, incentivando uma abordagem de fé e estudo ao considerar sua história. Ela enfatiza a importância da revelação contínua e da experiência espiritual pessoal na busca da verdade.

No geral, a abordagem da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias às suas controvérsias históricas tem evoluído para uma maior transparência e abertura. Ela disponibiliza vastos recursos online, incluindo ensaios acadêmicos e documentos históricos, para que os membros e o público possam estudar e compreender o contexto dessas questões. Embora as discussões e desafios continuem, a Igreja se esforça para fornecer respostas honestas e equilibradas, reafirmando sua fé e a divindade de sua missão, enquanto reconhece as complexidades e desafios de sua trajetória histórica, buscando reconciliar o passado com sua fé presente.

Como a Igreja contribui globalmente para a ajuda humanitária?

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias possui um programa humanitário robusto e de alcance global, que reflete seu compromisso com a caridade e o serviço ao próximo. Através de sua organização de serviços humanitários, Mórmon Ajuda Humanitária (agora conhecido como A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias: Serviços Humanitários), a Igreja oferece assistência a pessoas de todas as crenças e nacionalidades em todo o mundo. Esta iniciativa é financiada por doações voluntárias de membros e destina-se a aliviar o sofrimento, promover a autossuficiência e fornecer socorro em situações de desastre, sem proselitismo em troca da ajuda oferecida.

A ajuda humanitária da Igreja atua em diversas frentes, incluindo resposta a desastres naturais. Quando ocorrem terremotos, inundações, tsunamis ou outras catástrofes, a Igreja mobiliza rapidamente recursos, incluindo equipes de voluntários (frequentemente com coletes amarelos “Mórmon Ajuda”) e suprimentos essenciais como água potável, alimentos, kits de higiene, cobertores e abrigo. Estas equipes de resposta são frequentemente as primeiras a chegar e são capazes de fornecer ajuda imediata e prática, trabalhando em colaboração com organizações locais e internacionais para maximizar a eficácia da assistência. A capacidade de resposta rápida é um pilar de sua atuação.

Além do socorro emergencial, a Igreja também investe em projetos de desenvolvimento de longo prazo que visam melhorar a saúde, a educação e a autossuficiência. Isso inclui iniciativas como perfuração de poços e instalação de sistemas de água limpa, programas de treinamento para profissionais de saúde, fornecimento de cadeiras de rodas e óculos, e apoio à agricultura sustentável e à educação. A abordagem da Igreja é capacitar as comunidades a resolverem seus próprios problemas, fornecendo as ferramentas e o treinamento necessários para a sustentabilidade a longo prazo, em vez de criar dependência. Esta visão de empoderamento é fundamental para sua filosofia de ajuda.

O serviço humanitário da Igreja é uma expressão tangível dos princípios de caridade e amor ao próximo. Os membros são ensinados que a verdadeira religião envolve cuidar dos pobres e necessitados, e muitos dedicam seu tempo e recursos voluntariamente para apoiar esses esforços. A Church of Jesus Christ of Latter-day Saints Charities é uma das maiores organizações humanitárias do mundo, com projetos em centenas de países. Sua contribuição é um testemunho de seu compromisso com a melhoria das condições humanas em escala global, demonstrando um foco prático no bem-estar social, além de suas atividades doutrinárias.

O que se pode esperar ao visitar uma reunião de adoração?

Ao visitar uma reunião de adoração da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como reunião sacramental, os visitantes podem esperar uma atmosfera de boas-vindas e reverência. As reuniões são realizadas aos domingos em capelas locais em todo o mundo, e são abertas ao público, independentemente de sua fé ou filiação. Não há rito de passagem formal ou convite especial necessário para entrar. Os membros geralmente se vestem com modéstia e de forma conservadora, e os visitantes são encorajados a fazer o mesmo, embora não haja um código de vestimenta estrito. A simplicidade e o foco no evangelho são características marcantes dessas reuniões.

A reunião sacramental é a parte central do serviço dominical, geralmente durando cerca de uma hora e quinze minutos. O foco principal é a administração e participação do sacramento da ceia do Senhor, que é o equivalente mórmon à comunhão. Durante esta parte, hinos são cantados, orações são proferidas e o pão e a água (substituindo o vinho) são abençoados e passados entre os membros da congregação. Este rito é um momento de lembrança do sacrifício de Jesus Cristo e de renovação de convênios, e os visitantes são bem-vindos para observar, mas são informados que o sacramento é geralmente apenas para membros que fizeram convênios.

A reunião também inclui discursos proferidos por membros da congregação, que são convidados a compartilhar seus pensamentos e testemunhos sobre tópicos específicos do evangelho. Estes discursos são geralmente preparados com antecedência e abordam princípios de fé, doutrinas bíblicas e experiências pessoais com o evangelho. Hinos são cantados pela congregação, acompanhados por um pianista ou organista, e orações são oferecidas no início e no final da reunião. A ausência de um clero pago ou profissional realizando os discursos destaca a participação ativa de todos os membros e a crença no sacerdócio leigo.

Após a reunião sacramental, os visitantes podem ser convidados a participar de outras aulas, como a Escola Dominical, que oferece instrução sobre as escrituras, e reuniões das organizações auxiliares (como a Sociedade de Socorro para mulheres e o quórum do sacerdócio para homens). Essas classes menores permitem discussões mais interativas e um estudo mais aprofundado do evangelho. A atmosfera é geralmente amigável e acolhedora, com os membros ansiosos para interagir com os visitantes e responder a quaisquer perguntas que possam ter. As reuniões de adoração visam fortalecer a fé dos membros e proporcionar um ambiente de aprendizado e edificação espiritual, enfatizando a simplicidade e a participação da comunidade.

Existem outras comunidades mórmons para além da Igreja principal?

Sim, existem diversas outras comunidades que se originaram do movimento dos Santos dos Últimos Dias e que, de alguma forma, compartilham uma herança comum com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mas operam de forma independente e com crenças e práticas distintas. Essas comunidades são frequentemente referidas como fundamentalistas mórmons ou ramificações restauracionistas. Elas se separaram da Igreja principal em diferentes momentos de sua história, geralmente devido a desacordos sobre liderança, doutrina ou a abolição de certas práticas. A existência dessas comunidades é um testemunho da complexidade da história do movimento.

A Comunidade de Cristo (anteriormente conhecida como Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) é a segunda maior denominação do movimento e representa uma das ramificações mais antigas e proeminentes. Esta comunidade não aceita a liderança de Brigham Young após a morte de Joseph Smith Jr., preferindo a linhagem de seu filho, Joseph Smith III. A Comunidade de Cristo se distanciou de muitas das doutrinas e práticas que se desenvolveram em Utah, como a poligamia, e hoje possui uma teologia mais liberal e progressista, incluindo a ordenação de mulheres ao sacerdócio. Sua evolução teológica a distingue significativamente da Igreja maior.

Outras comunidades, como a Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (FLDS), são conhecidas por sua adesão contínua e pública à prática da poligamia, que foi descontinuada pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em 1890. Estas ramificações fundamentalistas veem a proibição da poligamia como uma traição aos princípios originais e, consequentemente, se mantêm fiéis a doutrinas e práticas do século XIX. Muitas dessas comunidades são pequenas e vivem em isolamento, algumas vezes envolvidas em controvérsias legais devido à sua prática da poligamia e a outras questões sociais.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (com sede em Salt Lake City) não tem filiação com essas ramificações, nem as apoia. Ela as considera grupos separados que escolheram não seguir a liderança e as revelações modernas de seus profetas. Embora compartilhem as raízes históricas e algumas escrituras, suas doutrinas e governança são significativamente diferentes. A existência desses grupos destaca a diversidade de interpretações e a evolução da fé desde seus primórdios, sublinhando a importância da autoridade e da sucessão profética para a Igreja principal.

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